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Mateus Prieto, nascido a 22 de Novembro de 1992, no seio duma família de classe média “apaixonou-se” pela FESTA ainda em tenra idade.

Recorda hoje com ternura o dia em que, ainda jovem, disse a seus pais a sua pretensão e sonho de menino de um dia vestir a casaca inspirada na corte francesa de Luís XV.

Quase como um denominador comum, nas famílias em que não há ligações ao mundo da FESTA, também os seus pais Mário e Maria de Jesus, tentavam desencoraja-lo, mas a vontade e perseverança foram maiores, e (eis) que o sonho se torna numa realidade!

Tirou a alternativa no dia 10 de Junho de 2013 em Santarém, tendo por Padrinho Joaquim Bastinhas um cavaleiro que sempre admirou. Apresentou-se em público pela 1º vez a 21 de Junho de 2008.

Apresentou-se ontem na corrida de toiros promovida pela empresa Sociedade Campo Pequeno na castiça praça de toiros da Nazaré, num cartel composto por mais cinco cavaleiros de renome (Rui Salvador, Marco José, Gilberto Filipe, Filipe Gonçalves e Duarte Pinto), a favor dos Bombeiros Voluntários da Nazaré e da Banda Filarmónica da Nazaré que tão brilhantemente costuma atuar em corridas de toiros.

O cavaleiro divide o seu dia-a-dia entre o treino dos seus cavalos, e os estudos. Iniciando agora o 1º ano do curso superior de Engenharia de Produção Animal, na Escola Agrária de Santarém.

Em dia de corrida, o trabalho começa cedo. O cavaleiro levanta-se quase com o raiar do sol, pelas 6h30m.

Nem tudo é “glamour”! De roupas de trabalho, vai ás boxes ver os cavalos, escolher quais os que leva consigo para tourear na Nazaré. É sempre um momento difícil…

Após ter a decisão tomada, decide os cavalos que o acompanham nesta corrida são: Tininho, Cartier, Casquinha, Falcão e Pepe.

Confessa-nos que sente sempre o “peso da responsabilidade” e os nervos próprios de quem é visto por muita gente. Um desejo enorme de que tudo corra bem e que a sorte esteja do seu lado.

Após a sua escolha estar feita e de formular o desejo de SORTE, e que Deus esteja com ele, inicia pela sua própria mão, o embarque dos cavalos para o camião. Confirma se todo o material (arreios, selas, escovas, freios, cabeçadas) está organizado e acondicionado.

Saímos cerca das 15h00m da Quinta da Palha Seca , em Benfica do Ribatejo, na companhia do Mateus Prieto, rumo à Nazaré. Durante o caminho, Mateus fala amistosamente da alegria que sente quando, em cada terra onde se apresenta, os aficionados lhe pedem um autógrafo ou para tirar uma foto, ou quando o chamam pelo seu nome e dizem “ Mateus sorte…”.

Diz-nos ter a preocupação de tourear bem, com raça e alma, para satisfazer e não frustrar as expetativas de quem o vai ver. Sorri timidamente e fala da sensação que é ouvir os aplausos da assistência, sente-os como se fossem um abraço apertado, confessa-nos que se comove...

Assume com muita humildade que o caminho é longo e sinuoso para se ser figura no toureio nacional, “é preciso trabalho, muito trabalho e dedicação, ter coração e garra”. Não tem medo do trabalho, aceita as derrotas e almeja triunfos!

Cada corrida é uma nova etapa, um desafio que lhe é imposto, que tem de ser assumido com seriedade e alma. De pés muito assentes no chão, sempre sem vaidades, fala do apoio dos seus pais e família alargada e do quanto isso lhe é necessário. Deixa escapar…” quero que os meus pais tenham orgulho em mim…”

Chegamos à Nazaré, muito antes da hora agendada para o inicio da corrida. Para os seus intervenientes “ começa” bem mais cedo….para que nada falhe!

Na companhia dos seus apoderados António Manuel Cardoso mais conhecido pelo diminutivo, ou pelo “petit nom" de “Néné”, e também do Carlos Santos e da sua quadrilha, permanece nas proximidades da praça da Nazaré. O cavaleiro ouve atentamente os conselhos dos seus apoderados, e vai cumprimentado a quem se abeira dele.

Às cinco horas realizou-se o sorteio. Apoderados, representantes da empresa, cabos dos grupos de forcados, também as quadrilhas, o Director de Corrida, o Veterinário, juntam-se.

Pouco tempo depois, já Mateus sabe o toiro que lhe coube em sorte.

O hiato temporal até à hora da corrida faz crescer a ansiedade e os nervos no toureiro.

Diz-nos que por mais corridas que faça, sente sempre "um nervoso miudinho", cada toiro é sempre uma incógnita e uma surpresa. Existem riscos inerentes à profissão.

Em cada terra que toureia, existe sempre um aficionado que oferece a sua casa, para que os cavaleiros se possam vestir.

Na Nazaré, Mateus Prieto, e a sua quadrilha foram vestir-se em casa dum conhecido aficionado e frequentador de corridas de toiros Joaquim Rodrigues, mais conhecido como “Quim da Pasolis” e Filomena Sonso.

Por volta das 19h00m, Mateus e a sua quadrilha, comeram qualquer coisa leve.

Até que se iniciou a repetição dum "ritual", Mateus Prieto meditou, rezou com convicção, pediu proteção e sorte para a sua lide.

O seu moço de estoques, preparou em cima da cama a roupa que o cavaleiro haveria de envergar, seguindo uma ordem, para "dar sorte"...

Seguindo algumas superstições, nunca colocar o tricórnio sobre a cama, nunca apagar a luz onde um pequeno altar do toureiro é colocado, nunca brindar de pernas fechadas....

Ajudado pelo seu moço de estoques, transfigura-se, a pouco e pouco diante dos nossos olhos, e ei-lo de casaca vestida.

Agora cavaleiro e quadrilha caminham para a praça onde só nos resta desejar Sorte...

 

Maria Mil-homens

 

 

Um dia de Corrida com Mateus Prieto

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