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PRAÇAS DE TOIROS EM PORTUGAL

PATRIMÓNIO NACIONAL

Como é bem sabido de todos os aficionados e não só, existem espalhadas por todo o nosso País dezenas e dezenas de Praças de Toiros, por cidades, vilas e até aldeias. Algumas dessas praças encontram-se em adiantado estado de degradação, pelo que a sua recuperação se nuns casos é impossível, noutros torna-se extremamente onerosa. Outras são praticamente monumentos nacionais, apresentando já algumas delas os sinais da idade e da falta de manutenção.

Uma grande parte destas Praças são pertença de Misericórdias, que para obterem mais alguns rendimentos as alugam a empresários, normalmente para efectuarem espectáculos tauromáquicos durante as festas da sua terra, pois as condições para mais não dão, alem de ainda estarem sujeitas a vistorias que em muitos casos são impeditivos de qualquer tipo de espectáculo.

O que me leva a escrever este artigo é um alerta a todas as entidades que directamente ou indirectamente estão ligadas a este assunto. Sei bem do que estou a falar, pois se existissem outras condições nessas Praças quantos espectáculos de vária índole não se dariam nelas.

Podem dizer-me que o Pais atravessa uma crise, o que é verdade, mas a crise não pode ser uma desculpa para um não investimento num Património nosso e único. Qualquer investimento em Património é e sempre será rentável, não podemos ser mesquinhos e pensar única e exclusivamente na parte material.

Existem em Portugal quatro praças fechadas. Elvas, Évora e Campo Pequeno, com um sistema de abertura mais conhecido por móvel e outra fixa, no Redondo. Têm sido levadas a cabo nessas Praças não somente corridas de toiros, mas toda uma variedade de espectáculos, que caso não fossem fechadas, não se poderiam executar (Ex: Campo Pequeno), e penso que automaticamente a rentabilização do espaço seria outra. Sei também dos custos de uma cobertura,  uma Praça fixa é sempre mais económica que a móvel, mas esta permite normalmente uma abertura da arena, senão no todo pelos menos 80%, salvo casos em que as bancadas sendo baixas não permitem uma maior abertura.

Conheço pouco o caso do Redondo e do Campo Pequeno, atendendo a que este caso como Monumento Nacional, tinha vários impedimentos, mas Elvas e Évora conheço bastante bem e nestes dois casos quantos espectáculos se têm dado que não corridas de toiros, e já agora quantas corridas não se deram já nestas praças com chuva, que caso contrário, levaria ao seu adiamento muitas vezes com custos para artistas, suportados pelos próprios.

Tenho conhecimento de que existem vários projectos para fecho de Praças, (cerca de 6), as quais não vou identificar, uns mais avançados do que outros, inclusive um pelo menos com aprovação prévia de uma autarquia há pelo menos 4/6 anos e que não avançam. As razões económicas relacionadas com a crise não podem servir para tudo. Penso que os proprietários, os empresários, as autarquias, o poder central e quem gere os fundos estruturais, todos em conjunto, conseguem chegar a um consenso e acordo de exploração, a contento de todos.

Qualquer investimento nesta área, além de dar trabalho (o desemprego é uma chaga), gera riqueza a médio-longo prazo e, mais importante de tudo, mantém o nosso Património vivo, se bem que saiba que por norma o poder central é sempre avesso em investimento na cultura. Também sei que qualquer investidor no nosso Pais, para onde olha mais depressa é para o retorno e lucro rápido, e isto infelizmente é incompatível com a preservação do nosso Património.

Poucos defendem o nosso Património, que ao menos os aficionados demonstrem ao Povo Português que estamos na primeira linha dessa defesa.

 

 

Carlos Almeida Fernandes

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