A chuva já se faz sentir no nosso dia- a- dia. Por muito que gostássemos que o ritmo dos espectáculos tauromáquicos se mantivesse, a chuva e o mau tempo, o inicio do Inverno, recorda-nos que o defeso se avizinha.
Com ele, é tempo de fazer um balanço sobre a actividade dos diversos intervenientes nos espectáculos tauromáquicos, sejam eles empresários ou artistas, analisando os factos que, em nosso entender, mais marcaram a temporada de 2013.
Vamos tentar duma forma livre e franca abordar, tentando não olvidar tudo o que teve algum ênfase por parte dos blogues e sites da especialidade e do que vamos ouvindo, por portas e travessas.
A FESTA brava acordou deste defeso, com novidades que a agitaram!
Foi em primeiro plano e com grande destaque o “baile” das praças.O mais antigo empresário português António Manuel Cardoso, conhecido por todos pelo seu petit-nom de “Néné”, iniciou a época taurina com o pé esquerdo. Viu-se apartado da sociedade que mantinha com os seus actualmente ex-sócios António Manuel e Albino Caçoete. Ficou afastado de algumas praças, deixou de apoderar João Maria Branco. Imaginamos que, fruto dos reveses, passou a reconhecer os seus amigos...
Mesmo já não sendo apoderado de João Maria Branco, não deixou de estar presente na sua alternativa. Revelando carácter!
A temporada acabou, Néné contínua impávido e sereno. Brilhou na castiça praça de Alcochete, onde os toiros tiveram raça, bravura e trapío. Apodera hoje o cavaleiro Mateus Prieto que tirou alternativa este ano em Santarém. Desejamos sorte ao Néné, porque revezes todos temos, a vida é assim. Mas não podemos ignorar quem tanto fez e faz pela nossa FESTA!
No mesmo “baile” das praças, catapultando-se da barreira para empresário surge uma nova dupla (caricata). Iniciaram por alvitrar aos “sete ventos” a estoica vontade de mudar a festa e dar-lhe um novo rumo. A afición abriu-lhe as portas de par em par! Não havia corrida ou festival onde estes não se fizessem notar. Candidataram-se a todas as praças postas a concurso. Queriam aparecer dum forma pouco subtil e totalmente declarada, dar nas vistas! Conseguiram esse ensejo. Passaram a ser uma dupla com a cara muito conhecida. Com fotografias apostas em todos os sites e blogues da especialidade.
Toda a época se falou desta “caricata” dupla, quase de siameses que por nada se largam. Pelo meio, ressalvou à vista a pouca formação moral e ética. Deixaram de contratar um curro Murteira Grave, contrataram cavaleiros que nunca actuaram, olvidaram-se de anunciar a saída das praças Espanholas, pariram comunicados, contra comunicados e direito de resposta. Qualquer coisa servia para aparecerem na ribalta! Tudo por culpa de todos os que vivem e fazem da festa o que ela é.
Porque esses sim falharam com eles. E eles não falharam com ninguém?
Para encerrar o quadro de miséria, alegadamente fazem uso de uma página do facebook (rede social) para tentarem inflamar animosidades contra um famoso e reconhecido crítico taurino da nossa praça.
Afigurasse-nos que foram uma estrela cadente, brilharam e caíram rapidamente. Não sem que antes todos se apercebessem pelo caminho que eram de barro!
A sociedade Campo Pequeno S.A,organizou um festival a favor do Nuno Carvalho- Mata (de seu petit-nom). Toda a afición nacional respondeu afirmativamente e a Praça encheu.O forcado Nuno Mata, agora tetraplégico voltou a pisar o tauródromo onde em Agosto transato havia ficado lesionado permanentemente. Angariaram-se fundos para Nuno Mata. O Estado, mesmo face à malograda sorte do rapaz, não deixou de arrecadar dinheiro para os seus cofres.
Outro tema de revelo foi sem dúvida o apoderamento de João Maria Branco que tomou este ano alternativa no Campo Pequeno. Muito de falou, escreveu e tornou a escrever sobre o tema.
Certo e que fica registado, é sem dúvida a sua evolução como toureiro e a forma inteligente e sagaz com que a sociedade Campo Pequeno S.A na pessoa do Sr. Rui Bento tem gerido a carreira deste toureiro que muito tem a dar à Festa.
Eis-nos chegados ao reino das “exclusivas”. António Manuel e Albino Caçoete, sob a sigla da Empresa Campo & Praça,Lda, firmaram com alguns conhecidos cavaleiros (Rui Fernandes, João Ribeiro Telles Júnior, João Salgueiro, Vitor Ribeiro, Gilberto Filipe, António Telles) contratos de exclusividade.
Rolou tinta e mais tinta sobre o assunto. Uns comentavam que seria um “ataque” ao Campo Pequeno, outros que era uma repetição. O certo é que captou as atenções de empresas, toureiros, críticos e aficionados. Esta empresa realizou entre outros feitos, a famosa Feira da Moita, que registou entradas muito significativas nas corridas, tendo em conta a crise económica que atravessamos, ficou-nos registado na memória uma casa praticamente cheia, numa corrida de toureio apeado.
Com a época quase cumprida, compete-nos dar os sinceros parabéns a João Ribeiro Telles Júnior “Ginja”, pois este foi o ano dele! Marcou a diferença e triunfou no reino das exclusivas.
Mesmo no encerramento do Campo Pequeno, apresenta-se um cavaleiro das exclusivas, onde se chegou a vaticinar ser impensável de acontecer.
O mítico Campo Pequeno, apresentou este ano menos corridas para os Abonos. Com muita clarividência e ponderação propôs-se realizar 11 corridas. Primeiramente tentou alterar-se o horário das corridas para as 21h30m, contudo voltou-se ao horário de sempre, as tradicionais 22horas.
Duas delas contaram com a ilustre presença de Pablo Hermoso de Mendoza. A praça praticamente encheu!
Pelo meio, João Maria Branco prestou a sua alternativa. A afición não compareceu como devia nesta praça durante a época. Presenciamos uma novilhada muito boa, onde o cavaleiro David Gomes e Diogo Peseiro se evidenciaram.
Vamos ainda assistir a um culminar de temporada com dois espectáculos tauromáquicos de suma importância.
João Moura que no ano que comemora 35 anos de alternativa, vai fazer a sua encerrona no Coliseu José Rondão de Almeida com 6 toiros.
De igual modo António Ribeiro Telles se encerrará para comemorar os seus 30 anos de alternativa, na Centenária Praça de Toiros Palha Blanco, durante a conceituada Feira de Outubro de Vila Franca.
Que ambos tenham Sorte.
Esta época, assistimos ao “viperino” Miguel Alvarenga apaixonar-se louca e perdidamente. Passou a ser presença assídua das corridas, sempre muito bem acompanhado pela sua ora esposa (muito simpática e sorridente por sinal). Que sejam muito felizes!
Mais recentemente surge um comunicado do cabo do Grupo de Forcados Amadores de Portalegre, explicando que os forcados são intervenientes da Festa e estes em concreto se recusam a vender bilhetes para actuar. Tendo ficado mesmo sem participar numa corrida que já estavam anunciados, por conta de tal recusa.
Um destes dias ainda vamos assistir aos senhores das bilheteiras a pegar toiros, já que os forcados vendem bilhetes.
Muito antes deste comunicado vir à baila, já se ouvia à “boca pequena” dizer que X ou Y grupo se apresentava nas corridas porque anuía em vender bilhetes e ajudar a empresa.
O mesmo se aplica a cavaleiros! Digamos que a FESTA, passou a ter intervenientes versáteis, atuam, promovem e vendem!
Porque também nós sofremos revezes, ainda que não sejamos famosos, iniciamos este projecto tendo como colaboradores Armando Jorge Teixeira (ex-empresário e ex-apoderado) e Patrícia Pinto Figueira. Por motivos que explanamos no momento, deixaram de colaborar connosco, passando a assinar em duo várias peças para um outro site da especialidade. Seguimos em frente e crescemos! Quanto a isso só nos apraz dizer: Pássaros da mesma pena, voam juntos!
Em súmula, devemos todos fazer uma reflexão e um “mea culpa”, empresários, cavaleiros, forcados, apoderados, jornalistas e até aficionados. A nossa FESTA atravessa neste momento uma fase singular.
Assistimos nas praças de Norte a Sul, toureiros a cravar ferros passados e de recurso (violinos), com cavalos verdadeiramente condicionados com os “apetrechos” que trazem. Praticamente se desvalorizou o que os toureiros fazem em praça, com verdade, raça e bravura!
O toureio das trincheiras passou a ter um peso maior, muito mais significativo. Como diria o povo... Quem não tem um grande padrinho, morre mouro??.
Hoje é nos bastidores que se toureia de verdade. Na verdade, quem ai triunfa, toureia onde quer!
O toureio deveria ser dignificado por si só, de forma pura e cristalina, sem compadrios, dizemos nós!
Infelizmente não se fica por aqui.
Há empresários que realizam corridas e no final ficam a dever a todos os intervenientes com a maior das naturalidades, como se fosse uma ?desgraça dividida pelas aldeias?
Aparecem empresários sabe-se lá de onde, sem qualquer ligação ao mundo taurino, porque gostam de touradas e é giro aparecer. Contratam, descontratam, sem pudor ou ética!
Também há empresários nobres, com sentido de responsabilidade para com os seus intervenientes e com a FESTA. Contratam e pagam, assumem derrotas de forma nobre mesmo com fracassos nas bilheteiras.
Que venham mais touradas! Que façamos todos uma reflexão e cada um de nós tente fazer algo por mais pequeno que seja, de forma a valorizar e dar nobreza à Festa brava.
OLÉ!
José Dias.